Evocando a arte do diálogo e evitando bater o martelo sobre sua permanência no Progressistas, o prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena, começa a desenhar com cautela o seu possível caminho rumo ao Palácio da Redenção em 2026. Em entrevista à rádio Correio 98 FM nesta quinta-feira (5), ele não descartou uma candidatura ao governo estadual, tampouco se comprometeu com seu partido atual, o PP, numa sinalização que pode ter mais camadas do que aparenta.
“Será um trabalho de convencimento da base do governo. É preciso que se diga o que queremos. E o que queremos é a continuidade do modelo de gestão do governador João Azevêdo”, afirmou o prefeito, reforçando sua lealdade ao atual chefe do Executivo estadual, mas sem se comprometer com qual será exatamente o seu papel na sucessão.
Com discurso semelhante ao do vice-governador Lucas Ribeiro, também do PP, Cícero defendeu que a escolha do candidato ideal deve vir do consenso interno da base aliada. “Temos que manter esse modelo. O resto vamos discutir no momento certo”, desconversou.
Nos bastidores, no entanto, Cícero já é tratado como nome forte para disputar o governo. Reeleito em 2024 com capital político robusto, o prefeito da capital intensificou nos últimos meses suas andanças pelo interior do estado e ampliou sua presença nas redes e na imprensa estadual. Uma movimentação nada aleatória.
A sucessão estadual já está em jogo — e o tabuleiro começa a se formar. João Azevêdo, impedido de disputar a reeleição, é cotado para o Senado, abrindo a vaga que hoje atrai não só Cícero, mas também figuras como Lucas Ribeiro, o presidente da ALPB, Adriano Galdino (Republicanos), e o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos).
A pergunta que ainda paira no ar: quem será o herdeiro do “modelo João Azevêdo”? E mais — há espaço para consenso em um grupo que já se movimenta por dentro e por fora?
Enquanto Cícero evita dar um passo maior que a perna, o xadrez político de 2026 começa a se mover com peças cada vez menos discretas.