O Papa Leão XIV, recém-eleito pontífice da Igreja Católica, reafirmou nesta segunda-feira (12) o compromisso do Vaticano com a liberdade de imprensa e fez um apelo pela libertação de jornalistas presos por exercerem sua profissão. Em sua primeira audiência com representantes da mídia, realizada na Sala Paulo VI, no Vaticano, Leão XIV destacou a importância de uma comunicação responsável, comprometida com a verdade e com a promoção da paz.
— A Igreja reconhece nessas testemunhas, pensando naqueles que relatam a guerra mesmo ao custo de suas vidas, a coragem daqueles que defendem a dignidade, a justiça e o direito dos povos de serem informados, porque somente os povos informados podem fazer escolhas livres — afirmou o Papa, sendo aplaudido pelos presentes. — O sofrimento desses jornalistas presos desafia a consciência das nações e da comunidade internacional, convocando todos nós a proteger o bem precioso da liberdade de expressão e de imprensa.
A fala do pontífice ocorre em um momento crítico para o jornalismo mundial. Dados da ONG Repórteres Sem Fronteiras apontam que, somente em 2025, 15 jornalistas foram mortos, 567 estão presos, 99 foram dados como desaparecidos e 54 estão sendo mantidos reféns.
Comunicação sem ódio
Leão XIV também alertou para os perigos da comunicação agressiva e ideológica, defendendo uma linguagem que desarme o ódio e estimule a escuta:
— Não precisamos de uma comunicação estrondosa e musculosa, mas sim de uma comunicação capaz de ouvir, de acolher a voz dos mais fracos, que não têm voz. Vamos desarmar as palavras e contribuiremos a desarmar a Terra.
Inspirado no Sermão da Montanha, ele lembrou que os pacificadores são bem-aventurados e retomou mensagens de seu antecessor, o Papa Francisco, para enfatizar o papel da comunicação na construção de pontes e no combate à desinformação.
Um Papa que emociona
A chegada de Leão XIV ao papado tem despertado grande comoção popular. Missionário agostiniano com anos de atuação no Peru, ele tem conquistado fiéis com sua simplicidade e firmeza em temas sociais. No domingo, milhares de pessoas se reuniram na Praça de São Pedro para acompanhar sua primeira oração dominical.
Entre elas, o quéchua Alejandrina Espinosa, que segurava uma bandeira wiphala, símbolo dos povos indígenas andinos. Emocionado, ele resumiu o sentimento de muitos:
— Ele roubou nossos corações. Trabalhou em situações muito difíceis e fez o cristianismo despertar entre os povos esquecidos do Peru.