Governador de São Paulo disse que preocupação de Bolsonaro era com o futuro do país; Moraes não fez perguntas
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), negou nesta sexta-feira (30) qualquer envolvimento ou conhecimento de articulação golpista por parte do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) durante a transição do governo em 2022. A declaração foi feita durante depoimento prestado ao Supremo Tribunal Federal (STF), na condição de testemunha de defesa de Bolsonaro no inquérito que apura a tentativa de golpe de Estado após as eleições presidenciais.
Cotado como presidenciável para 2026, Tarcísio exaltou o ex-presidente e disse que, no período pós-eleitoral, Bolsonaro demonstrava preocupação com a estabilidade do país. “A preocupação era que a coisa desandasse, uma preocupação com o futuro do país”, afirmou.
Durante seu breve depoimento — que durou menos de 10 minutos — o governador relatou encontros com Bolsonaro nos dias 15 e 19 de novembro e em 10, 14 e 15 de dezembro de 2022. Segundo ele, as conversas giraram em torno da transição em São Paulo e da montagem do seu secretariado. “O presidente sempre esteve comigo no sentido de orientar, preocupado que eu acertasse também, preocupado em transmitir a experiência dele”, disse.
A oitiva de Tarcísio era uma das mais esperadas do processo, devido à sua proximidade com Bolsonaro e ao fato de ter acompanhado o ex-presidente em momentos críticos do período pós-eleitoral. Apesar disso, o governador afirmou que nunca ouviu Bolsonaro falar em golpe. Apenas o advogado Celso Vilardi, que representa o ex-presidente, fez perguntas a Tarcísio. O ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, e os demais presentes optaram por não questionar o depoente.
Mesmo tendo deixado o Ministério da Infraestrutura em março de 2022 para disputar o governo de São Paulo, Tarcísio manteve visitas frequentes ao Palácio do Alvorada no fim daquele ano, segundo registros oficiais. Ele tem buscado, desde então, manter uma postura de equilíbrio entre a base bolsonarista e a boa relação com ministros do STF.
O depoimento ocorre no contexto da investigação que aponta que Bolsonaro, mesmo após a derrota nas urnas, adotou ações e discursos com potencial golpista, como a promoção de acampamentos em frente a quartéis, ataques ao sistema eleitoral e reuniões com militares e aliados para discutir uma possível anulação das eleições.
A defesa do ex-presidente nega envolvimento em qualquer trama e sustenta que não há provas de ligação direta entre Bolsonaro e os ataques de 8 de janeiro de 2023.
Com informações da Folha