Durante entrevista ao programa Hora H, na TV Norte Paraíba, na noite desta segunda-feira (12), o governador João Azevêdo (PSB) jogou luz sobre o futuro da sucessão estadual em 2026 e fez um movimento de distanciamento estratégico em relação à definição do nome que representará o grupo governista na disputa pelo Palácio da Redenção. Segundo ele, caberá exclusivamente ao Progressistas decidir entre o atual vice-governador, Lucas Ribeiro, e o prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena.
— Essa definição não compete ao PSB. Se eu deixar o cargo, Lucas assumirá o governo, mas isso não determina que ele será o candidato. O Progressistas é quem tem que decidir de que forma participará e com qual nome — afirmou o governador, em resposta ao jornalista Heron Cid.
Sem imposições nem “coronelismo”
Fiel ao estilo político marcado pelo diálogo, João reforçou que não acredita em decisões unilaterais ou imposições internas. A escolha, segundo ele, será feita no tempo certo e de forma consensual, sem atropelos nem pressões externas.
— Não acredito em decisões impostas, no estilo coronelista de fazer política. Cada partido tem seu espaço e deve ser respeitado — pontuou.
Senado no radar, com aval de Lula
Embora ainda sem confirmação oficial, João Azevêdo não esconde que a possibilidade de concorrer ao Senado em 2026 está sendo seriamente considerada. E revelou que tem recebido incentivos de peso: o presidente Lula (PT) e o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, já manifestaram apoio à candidatura.
— Lula já me disse algumas vezes que deseja meu nome no Senado. Carlos Siqueira também manifestou esse desejo. Esses fatores têm peso — revelou.
O governador também condicionou qualquer movimento ao Senado à preservação da estabilidade administrativa conquistada nos últimos anos.
— Trabalhamos muito para tirar o estado das páginas policiais e construir uma Paraíba reconhecida nacionalmente pelas boas práticas de gestão. Isso não pode ser perdido — alertou.
Sem reconciliação com Veneziano
João foi direto ao comentar sobre a possibilidade de reaproximação com o senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB). A resposta foi clara e sem rodeios:
— Na política não se diz impossível, mas é muito difícil.
Segundo ele, a postura ambígua de Veneziano, que apoia Lula em Brasília mas se alia a grupos bolsonaristas na Paraíba, dificulta qualquer tentativa de reconstrução de pontes.
— A incoerência entre o discurso em Brasília e as alianças locais não facilita nenhuma reaproximação — afirmou.
Cenário em aberto e tabuleiro em movimento
As declarações de João Azevêdo desenham um cenário de expectativas e articulações intensas nos bastidores do governo. Enquanto o PSB avalia o futuro de seu principal líder, o Progressistas se vê diante da missão de escolher qual nome carregará o bastão do grupo em 2026 — Cícero, com o peso da capital e experiência política, ou Lucas, símbolo da renovação e continuidade administrativa.
O tabuleiro está lançado. E, ao que tudo indica, as peças já começaram a se mover.